AM registra duas mortes por picadas de cobras em 2023, diz FVS

Já em relação ao número de picadas de cobras, o estado registrou uma queda de 14% de janeiro a outubro de 2023.

O Amazonas já registrou duas mortes por picadas de cobra em 2023, segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). O dado é parcial e leva em consideração os óbitos registrados de janeiro a outubro deste ano.

Em outubro, o trabalhador rural Cícero José de Oliveira foi picado por uma das serpentes mais venenosas do país no Careiro, no interior do estado. Ele ficou por quase 100 horas no meio da Floresta Amazônica esperando socorro. Nesse domingo (19), ele contou a história ao Fantástico (leia mais abaixo).

De acordo com a FVS, as duas mortes foram causadas pela picada da surucucu-pico-de-jaca, a maior serpente peçonhenta das Américas.

Já em relação ao número de picadas de cobras, o estado registrou uma queda de 14% de janeiro a outubro de 2023.

Segundo a FVS, de janeiro a outubro deste ano, foram 1.513 acidentes com serpentes, contra 1.775 registrados no mesmo período de 2022.

Desses acidentes, 149 são da serpente surucucu-pico-de-jaca. Já o maior número de casos registrados de acidentes por serpente ocorreu com a espécie jararaca, que representa 81,3% do número de casos específicos deste animal.

Resgate na floresta

Às 14h30 do dia 26 de outubro, uma quinta-feira, Cícero e dois amigos, Messias e Marcos, limpavam um terreno no município de Careiro, que fica a mais de 120km de Manaus. De repente, Cícero sentiu uma pontada forte na perna.

“Olhei para trás, para a perna, e vi aquele sangueiro. Tô sentindo que uma faca entrou aqui”, disse.

Cícero não sabia até então, mas havia sido picado por uma jararaca. E em poucos minutos, começou a ter uma grave reação: perdeu a sensibilidade em parte da perna, tamanha era a dor que sentia no local da picada.

Marcos e Messias não conseguiram carregar Cícero até o vilarejo. Eles permaneceram juntos até a manhã do dia seguinte, no sábado, quando Marcos deixou Messias cuidando do amigo e partiu na direção do vilarejo em busca de ajuda. Ele andou por mais de dez horas até encontrar cinco vizinhos, que voltaram com ele para ajudar no resgate.

O grupo, então, decidiu voltar carregando Cícero em uma rede. No entanto, era uma caminhada de 34km no meio da mata fechada. E assim eles foram. No primeiro dia, um domingo, eles andaram por cerca de 8km, e já estavam sem água e sem ter o que comer.

No dia seguinte, uma equipe de socorristas do Ibama foi acionada por pessoas do vilarejo. Eles andaram 17km na mata, até que no fim da tarde ouviram um tiro de sinalizador, por volta das 17h30. Algum tempo depois, os dois grupos se encontraram e eles finalmente puderam aliviar a fome e a sede.

Cícero recebeu a primeira dose de soro antiofídico ali no local, antes de ser levado para o hospital do município para seguir o tratamento.

“Quando foi chegando perto, aquela festa. Aí era o pessoal do pré-fogo, já foi forrando no chão. Caraca, é comida! Água gelada com pedra de gelo, ainda!”, comemorou.

Por g1 Am

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