Na COP, governador diz que Amazonas terá desmatamento ‘líquido’ zero até 2030

Meta é diferente do objetivo do governo federal, que é zerar desmatamento ilegal

 O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), se comprometeu a atuar para que o Amazonas alcance desmatamento ‘líquido’ zero até 2030. Ele participou do painel ‘Governança Responsável e Desenvolvimento Sustentável’, neste sábado (2), na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP) 28, em Dubai (EAU). Durante a palestra, Lima afirmou que 97% da cobertura vegetal do estado está preservada e ironizou reportagens sobre queimadas e desmatamento no Amazonas.

De acordo com Wilson Lima, o desmatamento líquido zero, nova meta do governo, é a compensação por áreas que possuem autorização para realizar o desflorestamento. “A gente lança uma meta ousada, que é a redução a zero do desmatamento líquido, ou seja, para cada área em que houver uma autorização de desmatamento, haverá uma compensação correspondente aquela área onde haverá essa supressão vegetal”, afirmou.

meta é diferente do objetivo do governo federal, que é zerar o desmatamento ilegal até 2030, a principal forma de desflorestamento na Amazônia e no estado do Amazonas.

Segundo Wilson Lima, o estado já investiu R$ 1,2 bilhão em projetos que estão em conformidade com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Além disso, o Amazonas tem capacidade de captação de US$ 1 bilhão em recursos oriundos de reduções de emissões e outros serviços ambientais.

O anúncio do governo estadual vai na esteira de uma crescente pressão internacional sobre o Brasil para preservação da Amazônia. O estado do Amazonas, que costumava ficar em quarto lugar entre aqueles com mais desmatamento, passou a ocupar a segunda posição nos últimos quatro anos, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É neste contexto que o governador Wilson Lima, que não esteve presente nas duas edições anteriores da COP, buscou participar do evento deste ano. 


Críticas

Ainda na palestra, ele ironizou reportagens que tratam das queimadas e desmatamento no estado. Entre agosto e novembro, imagens da capital do Amazonas, Manaus, coberta por fumaça de incêndios florestais correram o mundo. A qualidade do ar na cidade ficou em níveis péssimos por semanas, segundo a plataforma Selva, de monitoramento do ar.“[No Amazonas], 97% de toda a cobertura vegetal está protegida. Talvez esse seja um dado que a maioria das pessoas mundo afora não tem conhecimento, porque, naturalmente, o que rende manchete são as queimadas, os desmatamentos. Isso daí é muito mais interessante de estar na capa de um jornal”, disse.

O governador voltou a defender o crédito de carbono como uma maneira de financiar as ações do estado contra os efeitos da mudança climática. O estado espera arrecadar até R$ 1 bilhão, em 2024, com a venda de títulos acumulados entre 2006 e 2015, quando houve redução no desmatamento, gerando uma reserva de 809 milhões de toneladas de carbono.“O crédito de carbono é fundamental para que a gente possa viabilizar a nossa Agenda 2030, que tem como pilares diminuir os efeitos das mudanças climáticas, proteger a floresta, mas, sobretudo, desenvolver a atividade econômica”, pontuou.


O repórter de A CRÍTICA que assina esta matéria viajou a Dubai a convite do Instituto Clima e Sociedade (ICS)*

Por A Crítica

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