O estudo mostra que 65% do trabalho doméstico, o que inclui o cuidado com os filhos e com idosos, é feito por mulheres
Em meio às dificuldades presentes quando se fala em ter filhos na sociedade atual, conciliar o trabalho, a casa e as crianças continua sendo apontado como uma das tarefas mais difíceis para as mulheres. A rotina corrida é a maior queixa delas, que também não se sentem valorizadas pela dedicação ao cuidado com os filhos.
Uma pesquisa feita pelo aplicativo Peanut, nos Estados Unidos e no Reino Unido, revelou que esse sentimento de falta de reconhecimento é quase unânime entre todas que já tiveram filhos. Das 3.615 mulheres que participaram da pesquisa, 95% dizem se sentir desprestigiadas e “invisíveis” na sociedade.
Já no Brasil, um estudo efetuado pela FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), sobre a chamada “economia do cuidado”, mostrou que 65% do trabalho doméstico, o que inclui o cuidado com os filhos e com idosos, é feito por mulheres. O assunto gerou vários debates, vindo a ser também o tema da redação do Enem de 2023. E afim ao tópico, 71% das participantes do mais recente estudo realizado pela Famivita afirmaram que consideram difícil cuidar de casa, filhos e trabalho ao mesmo tempo hoje em dia.
A pesquisa da Famivita foi feita com 2.500 participantes entre 11 e 25 de setembro de 2023 e, as respostas positivas acerca disso, concentraram-se na faixa etária dos 35 aos 39 anos, com 77%. Em seguida, vieram aquelas dos 25 aos 29 anos, com 76%. Entre os homens, 66% também disseram que essa conciliação é difícil.
No recorte por região, 78% das mulheres, no Norte, responderam que consideram difícil cuidar de casa, filhos e trabalho ao mesmo tempo, hoje em dia; no Nordeste, tal parcela foi de 75%; no Centro Oeste, de 68%; já no Sul e Sudeste, 72% e 71% das mulheres, respectivamente, assinalaram essa dificuldade de conciliação.
De onde a ajuda deve vir?
Ao tornarem-se mães, as mulheres recebem uma nova função — por vezes, se elas não contam com ajuda, de fato, na criação dos filhos, é como se fosse um “novo cargo”, só que não remunerado. Para além disso, no mundo do trabalho, a mulher-mãe precisa ser boa profissional. E, durante o estudo da Famivita, uma das perguntas feitas era quem poderia melhorar a situação nesse sentido, para haver uma conciliação maior entre a família, a casa e o ofício. Conforme 38% das integrantes da pesquisa, essa responsabilidade seria do governo, sendo que 25% delas afirmaram que isso caberia à família, 19% aos empregadores, 13% responderam que a outros e 6% disseram que a ninguém.
Entre as participantes que responderam que caberia ao governo auxiliar nessa conciliação, tal parcela se concentrou nos 30 aos 34 anos, com 40% delas. Além disso, 39% das mulheres responderam que seria o governo, contra 28% dos homens. Entre as participantes que responderam caber à família, a maioria estava na idade entre 25 e 29 anos, com 25%. Já entre aquelas que responderam “empregadores”, 25% delas estavam na faixa etária entre os 35 e 39 anos, com 25%.
Por A Crítica