O lançamento acontecerá durante o evento de reabertura do espaço, que estava fechado desde a morte de Joaquim Melo, seu fundador
Capa do livro Fio d’água; Daniel Massa em frente à Banca do Largo (Fotos: Gabriela Rezende)
O dia 6 de abril, próxima quinta-feira, será um dia marcante para a literatura amazonense. A Banca do Largo, que estava fechada desde a morte de Joaquim Melo, seu fundador será reaberta e, neste mesmo dia e local, o escritor fluminense Daniel Massa lançará o romance em versos escrito por ele e intitulado ‘Fio d’água’. O lançamento será às 18h30.
A obra é ambientada no Amazonas e narra a história de Orsina e Moisés, avó e neto, que saem de São Gabriel da Cachoeira para viver em Manaus. Em ‘Fio d’água’, os rios e suas águas também ganham protagonismo.
“A história se desenvolve, então, a partir do mistério sobre a origem da criança achada nas águas. Eu gosto de pensar também no Rio Negro como personagem, já que tudo gira em torno dele. A missionária evangélica, o motoboy, a mãe d’água, o bodozal: tudo é tocado pelo rio”, revela Daniel.
Para entender a escolha do título do livro, é necessário saber que ele possui algumas camadas. “A primeira é mais literal, já que há muitos cursos de água no romance, do Rio Negro aos igarapés manilhados. Mas ‘fio’ também é a variante rural e popular para ‘filho’, o que nos leva a pensar na filiação desta criança achada submersa. Por fim, os versos são como fios, costurando sentidos neste labirinto que é a narrativa”, esclarece o escritor.
Cenários
Manaus é retratada na obra por meio do Bodozal, da Feira da Panair, dos flutuantes do Tarumã, da praia da Ponta Negra, e de outros espaços da capital amazonense. Daniel explica a escolha dos locais.
“Eu costumo brincar dizendo que no livro tudo é ficção, embora haja muitas coincidências. Mas é claro que houve o desejo de trazer Manaus para a obra e eu fico feliz quando os leitores reconhecem e se identificam com os cenários. Do ponto de vista da história, o deslocamento dos personagens pela cidade quase sempre aponta para as contradições e os equívocos de uma grande metrópole que, muitas vezes, dá as costas para a floresta. Gosto de pensar nesses conflitos civilizatórios e na maneira como a cidade se equilibra diante deles”.
Capítulos
Em ‘Fio d’água’ o leitor contemplará, em 18 capítulos – alguns mais longos e outros mais curtos – as histórias do protagonista e da capital amazonense, que se misturam no último capítulo, com o desfecho da narrativa: Manaus se torna uma cidade submersa por conta da chuva e do Rio Negro. “Apesar do tom apocalíptico, é um capítulo de reconciliações. Há o reencontro de Moisés e sua mãe, e da cidade com o Rio Negro”, diz Massa.
Homenagem
O livro de Daniel foi publicado em novembro do ano passado pela editora 7Letras. Na época, ele mandou um e-mail para Joaquim Melo (fundador da Banca do Largo, especializada em livros sobre a Amazônia) falando o quanto admirava o trabalho realizado por ele na banca, o que fez o escritor mencioná-lo na obra. “Eu queria presenteá-lo com um livro. Cinco minutos depois ele me respondeu emocionado e dali a pouco estávamos nos falando no telefone, marcando o lançamento para janeiro”, recorda o escritor.
“Milton Hatoum descreveu a generosidade de Joaquim Melo como amazônica. E não há maneira melhor de dizer isso. Joaquim me ensinou muito sobre como amar os livros e a floresta. De modo que não poderia estar mais feliz em ver o meu livro, que traz a floresta dentro dele, ser lançado na Banca do Largo”, complementa Daniel.
A Banca do Largo está presente no último capítulo do livro, uma homenagem ao importante espaço de resistência cultural situado na Rua José Clemente, 573, Largo de São Sebastião, Centro de Manaus.
Saiba mais
>> Onde comprar?
O livro pode ser encontrado na Banca do Largo. E também é possível encontrá-lo online no site da editora 7Letras ou nas grandes livrarias.
Serviço
O quê: Lançamento do romance ‘Fio D’água’
Onde: Banca do Largo (Rua José Clemente, 573 – Largo de São Sebastião, Centro)
Quando: 6 de abril
Horário: 18h30
