Bridgette O’Shannessy foi atacada por um tubarão enquanto nadava na Austrália e foi salva por seu namorado, que deu um golpe no animal.
Tubarão ou cação é o nome dado vulgarmente aos peixes de esqueleto cartilaginoso e um corpo hidrodinâmico, pertencentes à superordem Selachimorpha. Sabe-se que os tubarões estão vivos no planeta Terra há muitos anos, mais ou menos há 400 milhões de anos. Mesmo que esses animais não sejam os mais queridos das pessoas, eles são vistos em todas as regiões do planeta.
Justamente por isso que os ataques de tubarões são algo preocupante em todo o mundo. E por mais que ser atacado por um tubarão não seja uma coisa corriqueira, às vezes, isso acontece.
Um exemplo disso foi o caso dessa banhista que foi atacada por um tubarão-branco em Port Noarlunga, em Adelaide, na Austrália. A banhista era a mergulhadora esportiva e consultora ambiental Bridgette O’Shannessy, de 32 anos, que estava nadando quando o ataque aconteceu.
Ataque
Na hora do ataque, ela estava junto com seu namorado, Brian Gordon Roberts, que conseguiu dar um golpe no animal e levar Bridgette de volta para a areia. E o ataque foi tão intenso que os dentes do tubarão chegaram a ficar cravados no crânio da mulher.
Quando ela chegou à areia, logo foi socorrida e levada para um centro médico local. Bridgette teve vários danos nos nervos e o seu rosto ficou gravemente ferido. Além disso, a mulher também perdeu alguns dentes.
Ela teve que passar por cirurgia e os médicos conseguiram retirar todos os dentes do tubarão que estavam cravados no crânio dela. Felizmente o estado de saúde de Bridgette é estável.
“Infelizmente, Bridgette foi atacada por tubarão-branco no recife de Port Noarlunga. Ela está muito bem, considerando as circunstâncias, e obrigado por todos os votos de recuperação”, publicou o namorado dela.
Depois do ataque, a área onde ele aconteceu foi interditada. No entanto, o tubarão que atacou Bridgette não foi localizado.
Tubarão
O ataque de Bridgette aconteceu na Austrália, que é o segundo país com maior incidência de ataques de tubarão, logo depois dos Estados Unidos. Depois deles vem a África do Sul e o Brasil.
No nosso país, um estado famoso pela concentração de tubarões é Pernambuco. E você já se perguntou o que faz com que esses animais gostem tanto dessa região e por que existem tantos ataques em Recife?
De acordo com especialistas, um dos motivos para acontecer tantos ataques nessa região é por conta dos impactos ambientais e geológicos que a construção do Complexo Portuário de Suape, no litoral sul da Região Metropolitana do Recife, provoca.
“Os acidentes com tubarões na costa de Pernambuco começaram a aumentar de forma descontrolada a partir da construção do porto em Suape, no início dos anos 1980. Houve aterramento de alguns estuários de rios, que serviam tanto para espécies de tubarões desovar quanto para tubarões maiores se alimentar. Esses estuários são berçários naturais para diversas espécies marinhas. Com a construção do porto de Suape, os tubarões perdem uma cozinha e uma maternidade”, pontuou Andrey Freire, professor de biologia e especialista em ciências ambientais.
Em março, dois casos aconteceram com menos de 24 horas de diferença um do outro. Na segunda-feira, uma jovem de 15 anos foi mordida no braço esquerdo, e no domingo, um adolescente de 14 anos teve sua perna atacada e precisou amputá-la. Os dois jovens se recuperaram no Hospital da Restauração, local onde fizeram suas cirurgias.
Esses dois casos aconteceram na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, local onde desde 1992 já foram registrados 16 ataques de tubarões. “Nas faixas da Região Metropolitana, principalmente na praia de Piedade, que fica no município de Jaboatão dos Guararapes, e em Boa Viagem, em Recife, passam canais perto das águas mais rasas. Esses canais vão de 6 a 8 metros de profundidade. Os animais ficam todos ali. Quando a maré sobe, os animais desses canais se aproximam das águas rasas, ficam próximos da faixa de areia e que acontecem esses acidentes”, explicou Freire.
Por conta disso, desde julho de 2021 é proibido entrar nesse trecho do mar. A proibição foi feita quando um turista morreu perto de um ponto conhecido como “igrejinha”.
O biólogo ressalta que a “igrejinha”, que fica na praia de Jaboatão dos Guararapes, e a praia de Boa Viagem, no Recife, são os lugares que há o maior risco de acontecer esses ataques.
No caso da adolescente, ela é a 77ª vítima dos tubarões na costa de Pernambuco desde que esses incidentes começaram a ser registrados. Dentre esses, 10 aconteceram em Fernando de Noronha. E ao todo, 26 pessoas morreram.
De acordo com Freire, são duas espécies que predominam na costa. São elas: os tubarão-tigre e os cabeça-chata. “Essas espécies ficam no top 3 das mais agressivas do mundo, junto com o tubarão-branco”, pontuou ele.
Mesmo que a construção do porto possa ser a causa principal com relação ao impacto geológico, na visão de Freire a maior parte dos ataques de tubarões acontece por culpa da própria população. Isso porque como ele aponta, as pessoas não respeitam as sinalizações existentes nas praias.
Isso é tão verdade que alguns minutos depois do ataque à jovem já havia pessoas entrando na água no mesmo local e tendo que ser retiradas à força pelos Bombeiros.
“Nós somos o litoral que tem mais sinalização contra-ataques de tubarão em todo o mundo onde acontecem esses ataques. Não é por falta de sinalização, de orientação, que as pessoas são mordidas. Longe disso. Hoje em dia a gente pode dizer que 100% dos ataques são provocados por falta de respeito do ser humano. Todo mundo aqui sabe que é proibido. Entra-se por teimosia e ignorância. O animal não é culpado”, disse ele.
Mesmo tendo a sinalização necessária, Freire diz que ainda é preciso mais coisas, como por exemplo, que os órgãos ambientais façam novamente o monitoramento dos tubarões nos mares do estado.
“Essa população de tubarão vem aumentando. Faz um tempo que não temos monitoramento. Com certeza, com o número maior desses animais, e a teimosia de alguns banhistas, esses ataques tendem só a aumentar”, ressaltou o biólogo.
“O ambiente está desequilibrado, e esse equilíbrio que provoca a incidência de ataques não voltará ao normal. Os ataques vão aumentar? Vai depender da população. Se a população respeitar, vamos ter ataque zero. Se desrespeitar, sempre vamos ter acidentes”, concluiu ele.