Prática de atividades físicas em excesso pode ocasionar a rabdomiólise, doença que, se não for tratada, leva à lesão renal
A prática de exercício físico em excesso e sem orientação de um profissional pode provocar necrose muscular e levar a uma rabdomiólise – lesão direta ou indireta do músculo esquelético estriado. De acordo com a médica do esporte Dra. Tânia Costa, a rabdomiólise consiste em uma síndrome caracterizada pela degradação e necrose do músculo, resultando no vazamento de componentes musculares intracelulares para a circulação e para o fluido extracelular.
A causa mais comum da doença é o exercício físico, porém as causas secundárias possuem grande potencial de desenvolvimento e agravamento da síndrome. Segundo a Dra. Tânia, as mais comuns são: trauma, infecções, abuso de drogas, esteroides androgênicos, diuréticos; ingestão alcoólica, ambientes intensamentes quentes e úmidos, doenças associadas ou fatores genéticos.
A médica ressalta que não se trata apenas do esforço físico. A grande questão é a sua combinação com os agravantes.
“A prática esportiva é comumente acompanhada por dor muscular. Sabe-se que para o desenvolvimento de hipertrofia é necessário pequenas lesões musculares para desenvolver um processo inflamatório tecidual. Porém a mialgia (dor muscular) não é sempre necessária e indispensável para ganhos de hipertrofia. Assim, o esforço físico por si, geralmente não é o causador isolado da síndrome, e sim sua combinação com agravantes, citados nas causas secundárias”.
Sintomas
De acordo com o médico do esporte Dr. Moacir Encarnação de Lira Neto, a apresentação clínica da rabdomiólise é frequentemente sutil, sendo necessário um elevado índice de suspeita e diagnóstico.
“Podemos descrever como sintomas os sinais musculares como mialgias, hipersensibilidade, fraqueza, rigidez, contraturas musculares, em apenas 50% dos casos. A presença de sintoma constitucional como a sensação de mal-estar, náusea, vômito, febre. E palpitações, diminuição do débito urinário e alteração da coloração da urina (mais escura, castanho avermelhado) são outros achados de história clínica a ter em consideração”, alerta Dr. Moacir.
Prevenção
Como prevenção, é necessário a ingestão de líquido durante e após os exercícios físicos. “Não utilizar medicamentos sem orientação médica, buscar um nutricionista para obter uma rotina alimentar individualizada e realizar progressão de treinos com a supervisão de um profissional de educação física”, aconselha Dra. Tânia.
Tratamento
“O tratamento é hospitalar, pois requer reposição de fluidos para prevenir uma lesão renal aguda e correção de distúrbios eletrolíticos se necessário. “Caso o paciente já evolua para uma lesão renal oligurica, a hidratação não tem benefícios e será cogitado uma terapia de substituição renal para evitar outras complicações sistêmicas”, finaliza a especialista.
Por A Crítica